sexta-feira, 13 de abril de 2012

sobre o filme "Shame" e um pouco da abordagem taoista sobre a sexualidade

Outro dia assistindo ao filme "Shame" com Michal Fasbender não conseguia tirar a meditação de Lesser Kan&Li da alquimia taoísta da cabeça.

Para quem não assistiu o filme trata-se de um homem, interepretado pelo ótimo Michael Fasbender, que, a grosso modo, teria um disturbio compulsivo sexual. Explicando, ele possui uma necessidade incessante de fazer, pensar e enxergar sexo, um comportamento que apenas lhe traz um profudo sofrimento.

Penso que o filme é menos sobre um sobre  um homem um distúrbio psiquiatrico e mais sobre alguém com uma força destrutiva dentro de si, o que Freud chamaria de pulsão de morte e Jung de Sombra, que não consegue controlar ou dar  um destino produtivo.

E nisso tanto Freud, Jung e alquimia taoista concordam, existe na sombra, ou no nosso lado destrutivo um forte componente sexual.

No Tao existe um dizer "Shen deseja o Jing e Jing deseja o Shen". Isso significa que o espírito deseja conhecer a carne, a essência, a substância. Para os taoistas, o desejo de se livrar da carne vêm do Jing, que sonha em se livrar das amarras e limitações do corpo físico.

Partindo deste princípio, a sexualidade tem um importante papel na realização pessoal e espiritual, já que se trata de comunhão entre o espirito e a matéria. O Pai (shen), o filho (jing) e o espirito santo (o embrião imortal), fazendo uma analogia com a tradição cristã.

A meditação de Lesser kan&li é uma forma de fazer essa conexão internamente usando nosso Jing e Shen internos. Normalmente procuramos fazer essa conexão com o externo, com o Shen ou o Jing de nossos parceiros ou fazemos como o personagem de Michael Fassbender em Shame, corremos no mundo por algo que na verdade está dentro de nós.

Através dessa conexão entre Shen e Jing é possivel aplacar ou mesmo dissolver as nossas sombras internas que tem sua origem nesta dissociação Jing/Shen, e com isso conseguir certo alívio nas tensões internas.

O personagem de Michael Fassbender em "shame" é um homem atrás de sua própria alma, que não procura sentido apenas no sexo mas na sua própria existência. A analogia que fazemos do ato sexual com a palavra "comer" se aplica aqui, pois o que ele procura nos diversos relacionamentos e atividades é obter  um pouco da "alma" do outro. Mas, na maior parte das vezes, só consegue atrair os que são iguais a ele.



quarta-feira, 4 de abril de 2012

Filme: Um Método Perigoso ( a dangerous method)

      Desde "Freud-além da alma" não havia um bom filme sobre a história da psicanálise. Quando descobri que David Cronenberg estava fazendo um filme sobre um importante período da história da psicanálise, o relacionamento entre Freud e Jung, fiquei bastante animado pois faltava a psicanalise ser bem representada no cinema moderno. No entanto, apesar de "Um método perigoso" ser bem sucedido em narrar com precisão uma parte importante da história da psicanálise, comete muitos deslizes como objeto cinematográfico e falha em fazer de uma história tão interessante um grande filme.

     O filme narra a relação entre Freud e Jung, desde o momento que o segundo tenta aplicar pela primeira vez a "cura pela fala" até sua aproximação com o criador da psicanálise e sua famosa e inevitável ruptura. Historicamente o filme é bastante correto e preciso e, na maior parte das vezes, isento de opiniões, deixando que o espectador tire suas próprias conclusões sobre o que testemunha. É uma pena que as explicações pós-créditos tentem favorecer Jung e desmerecer Freud, além de não fazerem muito sentido com o que foi narrado no filme.

     Pelo menos as figuras de Freud e Jung são interpretadas por dois atores de alto calibre, respectivamente Viggo Mortensen e Michael Mortesen, e a química entre os dois já garante pele menos um filme interessante. Mortesen faz de Freud um personagem vigoroso bem diferente da figura abatida pelo pós-guerra que geralmente existe no imaginário popular. E Fassbender encarna os conflitos de Jung de uma forma tão humana que é difícil condena-lo quando comete o pior dos crimes:violar a relação médico paciente. Keira Knightley tem sido bastante criticada por supostos exageros na dramatização da histeria de Sabina Spielrein, mas é na verdade bastante precisa com o comportamento de tais pacientes graves, prova de que a atriz fez seu dever de casa.


     O grande problema do filme talvez sejam suas elipses narrativas que confundem o espectador quanto as passagens abruptas de tempo. E para um filme que parece favorecer as ideias e pensamentos de Jung ele falha muitas vezes em faze-las parecer válidas aos olhos do espectador, como cena constrangedora que Jung tenta explicar a Freud a sua capacidade de "prever" acontecimentos.

     Mas o filme tem seus bons momentos. Desde a delicada relação entre Jung entre Jung e Sabina e a cena na qual Freud tem uma crise de nervos em seu último confronto pessoal com aquele que antes considerava o seu "herdeiro" (foi um acontecimento real). Fassbender olha para Moertesen com um olhar que parece dizer "você queria que eu me tornasse herdeiro disso que é incapaz de te curar?"

     Infelizmente, será lembrado como um raro exemplo de filme que consegue arruinar sua premissa segundos depois do fechamento da última cena. Depois de passar quase duas horas com uma câmera que evita julgar seus personagens, tal qual um analista não deve julgar as ações de seus pacientes, o filme conduz a um desfecho forçado que parece querer reescrever a história ao impor a idéia de que foi Jung e não Freud que ficou marcado no consciente coletivo.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

demontração interessante de qigong marcial

     O video abaixo é uma demonstração de "iron shirt qigong" ou qigong da camisa de ferro como é conhecido no ocidente. É por essa técnica que o qigong se tornou mais conhecido no ocidente, devido ao interesse dos artistas marciais.

     Embora puramente marcial é uma dos poucos tipos de demonstração de qi visíveis.

     Essa técnica usa o jing da terra para criar uma "armadura de qi". No entanto, essa mesma energia pode ser usada para aumentar a energia e aprimorar a saúde. Seu grande perigo é que se as energias internas não forem bem administradas ela pode potencializar emoções negativas e mesmo doenças. Por esse motivo é tratada em alguns círculos de kung fu como uma técnica perigosa.